Monday, December 19, 2005

ID, ou melhor dizendo, ISSO

ID ( ENTIDADE ): Um roteiro para um curta talvez. Um psicanalista. Davi. Judeu de formação, agnóstico por convicção. Freudiano por opção, talvez a única que julgou interessante durante a sua vida. Ok, por algum motivo ainda não bem explicado ele vai parar em um terreiro de macumba. Sei que parece óbvio esse jogo de religiões em nome de uma pseudobrasilidade. O Preto Velho conversa com ele. Ele se revolta e coloca todos os seus desejos. Ele acorda. Desmaiou no meio da aula. Do lado de fora um faxineiro diz para ele: "cavalo mal acostumado fica assim mesmo, mas depois o senhor se acostuma". Não está boa esta idéia, confesso, mas é uma ID(éia).

ID (OTA): Foi o Ogro a fazer essa analogia na sala de aula. Nos sentimos especiais: a religião diz que somos especiais pois somos filhos de Deus, o que um povo xpto é o povo eleito e por aí vai. A família (não todas) também nos diz isso. As obrigações sociais de se casar, formar, ter um trabalho que o dignifique e dê um status é para satisfazer esse desejo. No fundo somos todos idiotas diante dessas exigências do supereu. E se tiver um curto-circuito no meio de tamanha demanda, a receita: Prozac, Zoloft e Xanax. Terapia, não, obrigado. Ali percebemos o quanto somos IDotas, quando nos deparamos com as exigências do "isso", aquela instância psíquica definia por Freud em sua segunda tópica que revela os nossos desejos mais livres e, porque não, infantis. E o carregamos na vida adulta disfarçado, cheio de fantasias, mas não morto, ignorando a perenidade do ser. Essa é a maior idiotice nossa, talvez.

ID (IOMA): Ioma vem de outro planeta. Lá não há instituições, leis, regras, igrejas, ideologias, teorias ou qualquer coisa do tipo dizendo como as coisas devem ser feitas. Ioma não é humano. Ainda assim resolve visitar a Terra. E mesmo tendo a mente avançada e sabendo falar qualquer língua falada neste planeta, não entende absolutamente nada do que é dito. Ele não está preparado para contradições. Pensa que estamos errados, mas no fim conclui que ele também não se dera conta que existe uma coisa: a diferença. Todavia isso não o fez inocentar os humanos, os mesmos que dizer ter criado uma "droga do amor" quando dança individualmente E parte deles elege para chefe do mundo o príncipe da intolerância. Porque concorda com ele.

ISSO: Pronome demonstrativo. Sem flexão de gênero, número ou grau. Não importa se é homem ou mulher. Se são muitos ou se é só uma coisa. Se é realmente uma coisa, grande ou pequena. Só sabe-se que é usado para algo próximo do ser que fala, senão seria "aquilo" (que é como chamamos o sexo, querendo deixá-lo bem longe de nós) É isso. O indizível. O que ganha várias máscaras frente a nossa hipocrisia, na realidade a fragilidade do ser que se percebe mortal. O ser que para tentar escapar d(isso) inventa regras duríssimas, seja em religiões ou ideologias sem Deus. Mas este mesmo ser , quando sabe usar em seu (id)eal cria a grande obra artísica, a música, a poesia- sem compromisso com a verdade, disse Platão- a pintura, a arquitetura, o cinema, o teatro. E muitas vezes estes retratam a nossa (id)otice e a nossa (id) entidade. Creio que Ioma não viu ISSO.

Isso tudo foi um momento em que o Sr Rodrigues resolveu gastar um pouco do seu psicanalistês.

No comments: